Dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos carregam a bandeira do socialismo em suas campanhas. Brian Moore, do Partido Socialista, e Róger Calero, do Partido dos Trabalhadores da América, dizem que são candidatos para defender um sistema justo.
Em ''Democracia na América'', texto clássico sobre os então jovens Estados Unidos, no século XIX, Alexis de Tocqueville afirmou que democracias como a americana ''não só não desejam revoluções como tem medo delas''. Pelo menos dois candidatos à presidência americana discordam do diagnóstico do mestre francês. Na campanha de 2008, Brian Moore, do Partido Socialista, e Róger Calero, do Partido dos Trabalhadores da América, carregam a bandeira do socialismo, uma causa que, ao contrário do que sugerem os resultados eleitorais recentes, tem tradição nos EUA.
Tanto Moore, um ativista da Flórida, quanto Calero, um jornalista de Nova Jersey, têm poucas chances de superar Eugene Debs, líder socialista que, por duas vezes (uma em 1912 e outra em 1920, quando concorreu preso) somou mais de 900 mil votos. Mesmo assim, eles concorrem para marcar posição.
''Uma das principais funções do Partido Socialista é preservar o ideal, demonstrar aos povos do mundo inteiro que nós precisamos ter um sistema mais justo'', diz Moore, que já tentou, sem sucesso, ser prefeito de Washington, senador e deputado pela Flórida.
Pela Constituição americana, o outro candidato socialista não poderia assumir a presidência nem se vencesse. O jornalista de 38 anos nasceu na Nicarágua e mora nos EUA desde 1985 na condição de ''estrangeiro residente'', não é cidadão americano – só americanos natos estão qualificados para o cargo. ''Os requisitos (da Constituição) podem mudar. Não é só uma questão para mim, é uma questão dos direitos de milhões de estrangeiros de poder votar e se candidatar.''
Os dois sabem que, nem na melhor das hipóteses, estarão nas cédulas de mais da metade dos 50 estados. Pela lei, o registro na ficha de votação é feito estado a estado, e as regras vão do liberal ao restritivo. Em estados como o Tennessee, com menos de 300 assinaturas de eleitores é possível incluir o nome do candidato. No Texas, são necessárias mais de 50 mil. Moore espera entrar nas cédulas de 20 estados; Calero, em pelo menos 12. Nesta fase, de início da campanha, os candidatos menores dependem de voluntários e contribuições para organizar os abaixo-assinados e pagar, onde necessário, as taxas de inscrição.
''Tenho que conseguir dinheiro com amigos, parentes e integrantes do partido. Mas, geralmente, eles não têm muito dinheiro. O que eu faço é colocar meu site à disposição e esperar a resposta daqueles simpáticos ao movimento antiguerra e à criação de um sistema nacional de saúde'', diz Moore, que vê como sua grande adversária ''uma elite de 5%'' que se mantém graças ao trabalho dos ''outros 95%''.
Experiência latino-americana
Os dois candidatos têm ligações profundas com problemas latino-americanos. Depois de abandonar um seminário na Califórnia, por divergências políticas com um bispo, Moore participou de trabalhos sociais na região dos anos 60 em diante, inclusive no Brasil, e arranha o português. Quando busca um modelo, o ativista olha para o sul, mais precisamente para o Mar do Caribe. ''Os EUA deveriam ser mais como Cuba'', afirma, ao elogiar o sistema de saúde e o status dos trabalhadores da ilha governada pelos irmãos Castro.
Calero, nicaragüense, já teve problemas com a imigração americana. Em 2002, foi preso no aeroporto de Houston, no Texas, quando os agentes checaram seu histórico: em 1988, quando ainda era estudante secundário, ele foi condenado pela Justiça por vender maconha em Los Angeles. O fato, que, de acordo com os ativistas que se mobilizaram para defendê-lo, já era conhecido há anos pelas autoridades, quase custou a deportação do jornalista. ''É o tipo de coisa que eles fazem com milhões, é só um reflexo da luta dos imigrantes pelo direito de viver e trabalhar nos EUA'', afirma.
Na última tentativa de ser presidente, há quatro anos, Calero somou 10.795 votos a frente do mesmo Partido dos Trabalhadores da América. O partido de Brian Moore, o Socialista, ficou um pouco acima, com 10.822. Ambos acreditam no potencial de realização de suas expectativas.
''A perspectiva para uma mudança revolucionária é muito grande aqui nos EUA, será uma mudança que virá de nossas próprias lutas'', avalia Calero. Moore não só confia no sucesso de sua causa, como se arrisca a imaginar as ações do primeiro presidente socialista, no primeiro dia de governo: sair do Iraque, fechar as bases no exterior, abolir as agências de inteligência (''a começar pela CIA''), garantir acesso gratuito à saúde e à educação e acabar com a ''mentalidade do cowboy, de vencer a qualquer custo''.
FONTE: www.vermelho.org.br
Em ''Democracia na América'', texto clássico sobre os então jovens Estados Unidos, no século XIX, Alexis de Tocqueville afirmou que democracias como a americana ''não só não desejam revoluções como tem medo delas''. Pelo menos dois candidatos à presidência americana discordam do diagnóstico do mestre francês. Na campanha de 2008, Brian Moore, do Partido Socialista, e Róger Calero, do Partido dos Trabalhadores da América, carregam a bandeira do socialismo, uma causa que, ao contrário do que sugerem os resultados eleitorais recentes, tem tradição nos EUA.
Tanto Moore, um ativista da Flórida, quanto Calero, um jornalista de Nova Jersey, têm poucas chances de superar Eugene Debs, líder socialista que, por duas vezes (uma em 1912 e outra em 1920, quando concorreu preso) somou mais de 900 mil votos. Mesmo assim, eles concorrem para marcar posição.
''Uma das principais funções do Partido Socialista é preservar o ideal, demonstrar aos povos do mundo inteiro que nós precisamos ter um sistema mais justo'', diz Moore, que já tentou, sem sucesso, ser prefeito de Washington, senador e deputado pela Flórida.
Pela Constituição americana, o outro candidato socialista não poderia assumir a presidência nem se vencesse. O jornalista de 38 anos nasceu na Nicarágua e mora nos EUA desde 1985 na condição de ''estrangeiro residente'', não é cidadão americano – só americanos natos estão qualificados para o cargo. ''Os requisitos (da Constituição) podem mudar. Não é só uma questão para mim, é uma questão dos direitos de milhões de estrangeiros de poder votar e se candidatar.''
Os dois sabem que, nem na melhor das hipóteses, estarão nas cédulas de mais da metade dos 50 estados. Pela lei, o registro na ficha de votação é feito estado a estado, e as regras vão do liberal ao restritivo. Em estados como o Tennessee, com menos de 300 assinaturas de eleitores é possível incluir o nome do candidato. No Texas, são necessárias mais de 50 mil. Moore espera entrar nas cédulas de 20 estados; Calero, em pelo menos 12. Nesta fase, de início da campanha, os candidatos menores dependem de voluntários e contribuições para organizar os abaixo-assinados e pagar, onde necessário, as taxas de inscrição.
''Tenho que conseguir dinheiro com amigos, parentes e integrantes do partido. Mas, geralmente, eles não têm muito dinheiro. O que eu faço é colocar meu site à disposição e esperar a resposta daqueles simpáticos ao movimento antiguerra e à criação de um sistema nacional de saúde'', diz Moore, que vê como sua grande adversária ''uma elite de 5%'' que se mantém graças ao trabalho dos ''outros 95%''.
Experiência latino-americana
Os dois candidatos têm ligações profundas com problemas latino-americanos. Depois de abandonar um seminário na Califórnia, por divergências políticas com um bispo, Moore participou de trabalhos sociais na região dos anos 60 em diante, inclusive no Brasil, e arranha o português. Quando busca um modelo, o ativista olha para o sul, mais precisamente para o Mar do Caribe. ''Os EUA deveriam ser mais como Cuba'', afirma, ao elogiar o sistema de saúde e o status dos trabalhadores da ilha governada pelos irmãos Castro.
Calero, nicaragüense, já teve problemas com a imigração americana. Em 2002, foi preso no aeroporto de Houston, no Texas, quando os agentes checaram seu histórico: em 1988, quando ainda era estudante secundário, ele foi condenado pela Justiça por vender maconha em Los Angeles. O fato, que, de acordo com os ativistas que se mobilizaram para defendê-lo, já era conhecido há anos pelas autoridades, quase custou a deportação do jornalista. ''É o tipo de coisa que eles fazem com milhões, é só um reflexo da luta dos imigrantes pelo direito de viver e trabalhar nos EUA'', afirma.
Na última tentativa de ser presidente, há quatro anos, Calero somou 10.795 votos a frente do mesmo Partido dos Trabalhadores da América. O partido de Brian Moore, o Socialista, ficou um pouco acima, com 10.822. Ambos acreditam no potencial de realização de suas expectativas.
''A perspectiva para uma mudança revolucionária é muito grande aqui nos EUA, será uma mudança que virá de nossas próprias lutas'', avalia Calero. Moore não só confia no sucesso de sua causa, como se arrisca a imaginar as ações do primeiro presidente socialista, no primeiro dia de governo: sair do Iraque, fechar as bases no exterior, abolir as agências de inteligência (''a começar pela CIA''), garantir acesso gratuito à saúde e à educação e acabar com a ''mentalidade do cowboy, de vencer a qualquer custo''.
FONTE: www.vermelho.org.br
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