segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Desenho dos Smurf gera debate sobre comunismo e feminismo



A colônia dos Smurfs azuis supostamente é a concretização perfeita do
comunismo que deu certo, com Papai Smurf, com barba branca e calças vermelhas,
simbolizando Karl Marx. Mas onde estão todas as garotas?

R. Jay
Magill Jr. Em Berlim



Tra-la-la-la-la-la, la-la-la-la-la. Vida livre, música e cogumelos. Para
muitos, os Smurfs são a concretização perfeita da utopia de Marx e Engels.

O dinheiro não significa nada na sociedade Smurf de 100 pessoas, onde a
propriedade pertence a todos e não há moeda. O trabalho comunitário é realizado
junto. As divisões de trabalho são claras: Habilidoso (comerciante), Fazendeiro
(planejamento agrícola), Gênio (intelligentsia), Harmonia (as artes) e assim por
diante.

Todo mundo é igual, até mesmo na idade: ativos 100 anos (exceto,
Papai, a suposta personificação de Karl Marx; ele tem 542). Apenas o maligno
feiticeiro Gargamel e seu gato Cruel -considerados agentes do capitalismo
global- podem perturbar a bem-aventurança socialista da sociedade.

Só há
um problema neste utopia marxista -onde estão todas as mulheres? Até agora, o
refúgio coberto de musgo contava com apenas uma garota proeminente: a Smurfete,
com seu cabelo loiro esvoaçante, salto alto e movimentos femininos. (Apesar de
ninguém se lembrar delas, havia na verdade três mulheres Smurfs, segundo a
enciclopédia online Wikipedia.)

Mas agora tudo vai mudar. Um novo filme
dos Smurfs, o primeiro de uma trilogia, apresentará uma população estrangeira ao
reduto dos baixinhos: mulheres.

"Ocorreram grandes mudanças nos valores
socioculturais nos últimos 20 a 25 anos", disse Hendrik Coysman, chefe da
International Merchandising Promotion & Services, a empresa que é dona dos
direitos dos Smurfs, em uma coletiva de imprensa em Bruxelas, na segunda-feira.
"Uma delas foi a valorização das mulheres." Coysman prosseguiu: "Haverá uma
maior presença feminina na vila dos Smurfs, e isto, é claro, será uma base para
novas histórias. Isto provavelmente virará de cabeça para baixo certas situações
tradicionais dentro da vila".

Malgorzata Tarasiewicz uma especialista em
política da União Européia e gênero e diretora do Fórum Feminista Europeu, com
sede em Amsterdã, acha que os Smurfs podem dar o exemplo. "Mesmo no mundo dos
Smurfs é aceito o que muitos políticos e outros tomadores de decisões ainda não
querem entender: que as mulheres necessitam de igualdade e representação igual",
ela disse à "Spiegel Online" na sexta-feira. "Se tornou um fato difícil de
ignorar, o de que as mulheres estão mais visíveis na esfera pública, na mídia e
nos negócios -a ponto de até contos de fadas precisarem refletir este importante
desenvolvimento da civilização."

A International Merchandising está
celebrando o 50º aniversário dos Smurfs em 2008 com um "Feliz Dia Smurf", que
ocorrerá durante todo o ano. Coletivas de imprensa em Berlim, Bruxelas e Paris,
uma exposição, um dirigível Smurf gigante, um site e uma parceria com a Unicef
-que compartilhará dos lucros- tudo faz parte da comemoração.

Detalhes
de um futuro filme e outras surpresas estão sendo mantidos sob sigilo na
International Merchandising. Mas se sabe que o retorno dos Smurfs às telas, em
um desenho animado por computador em 3D com lançamento previsto para novembro de
2008, está sendo desenvolvido pela unidade Nickelodeon Films da Paramount
Pictures, produzido por Jordan Kerner ("A Menina e o Porquinho", "Inspetor
Bugiganga").

E com rumores de que o filme dos Smurfs contará com as
vozes de algumas das mulheres mais talentosas de Hollywood, incluindo Sally
Field, Lucy Liu, Julia Sweeney, Jessica Simpson e Marisa Tomei, as coisas estão
prestes a ficar muito mais modernas na casa de cogumelo.

Fonte: Der
SpiegelTradução: George El Khouri Andolfato / UOL Mídia Global




Um comentário:

Unknown disse...
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