O sadismo virou a nova arma da Globo para elevar o ibope do Big Brother Brasil. Na prova do líder desta semana, uma participante chegou a desmaiar após ser colocada em uma cabine e ficar sob a mira de sensores de movimento. Juliana passou mal, ficou inconsciente e teve de ser socorrida, às pressas, pelos seus colegas de confinamento. A Globo evitou dar detalhes sobre a situação de saúde da jornalista santista.
Por Sérgio Ripardo, na Folha Online
Diante do clima de tédio que se instalou nas últimas semanas, Boninho, diretor do programa, desconta sua irritação transformando a casa em um inferno. A produção cria diversas tarefas a serem cumpridas pelos participantes ao longo do dia. O reality show parece disposto a colocar até a integridade física dos participantes sob risco. Foi o que mostrou o desmaio de Juliana. Qual será o próximo passo? Afogá-los na piscina? Ou atirar ovos neles, como Boninho já confessou, em um vídeo, já ter feito com prostitutas na rua?!
No começo do programa, a professora de inglês Thatiana tomou um porre durante uma festa e levou vários tombos, chegando a sangrar a perna. Rir da desgraça alheia é um artifício antigo da comédia pastelão. Mas só conseguimos rir porque temos a certeza de que a vítima vai continuar viva. No caso do Big Brother, até onde vai o limite da responsabilidade da emissora?
É só olhar para as diversas ocorrências policiais envolvendo ex-BBBs. Eles ficam famosos do dia para a noite, saem da casa dando autógrafos, posando para revistas, dando diversas entrevistas. De repente, voltam ao anonimato, são substituídos por uma nova safra de ''brothers'' e ''sisters''. Não é à toa que alguns acabam se envolvendo em brigas, alcoolismo, consumo de drogas, egolatria, depressão ou um desespero para se manter sob os holofotes.
É raro encontrar uma reação institucional aos abusos cometidos pelo reality show. O discurso comum é a conivência, inclusive de boa parte da mídia. Quem ousa questionar os métodos da Globo? Na última quarta-feira (20), os vereadores de Porto Alegre (RS) aprovaram uma moção de protesto contra a emissora ''por fazer apologia ao uso de bebidas alcoólicas por meio do Big Brother''.
A vereadora Maristela Maffei (PCdoB), autora do requerimento, sustentou que ''em um contexto nacional onde existem diversas campanhas contra o consumo abusivo de álcool, é inadmissível que um meio de comunicação poderoso incentive esta prática como algo natural''.
Questionada na época pela Folha Online, a Globo orientou o repórter a procurar o Ministério da Justiça, que cumpre apenas a praxe de registrar queixas de telespectadores incomodados com o conteúdo exibido. No ministério, a assessoria se mostrou surpresa com a solicitação dos dados pela reportagem e ainda indagou o motivo de se publicar a existência de reclamações contra o programa.
Diante do desmaio de Juliana na ''cabine assassina'' de Boninho, não custa nada alertar: por favor, crianças, não coloque o gatinho nem o cachorro nem o papagaio da família dentro do microondas.
FONTE: www.vermelho.org.br
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