domingo, 24 de fevereiro de 2008

Comunista Christofias é eleito novo presidente do Chipre


Após a contagem de 98% dos boletins, neste domingo (23), o líder do partido comunista Akel, Demetris Christofias, 61, foi declarado vencedor 53,5% dos votos nas eleições presidenciais no Chipre. O seu rival conservador, Ioannis Kasoulides, 59, obteve 46,5% dos votos. Ambos defenderam o reinício das conversações com os cipriotas-turcos para pôr fim à divisão que vigora na ilha desde 1974. A taxa de participação no segundo turno das eleições foi de 90%.
Christofias conseguiu no segundo turno o apoio do Partido Democrático (Diko), liderado pelo Presidente cessante, Tassos Papadopoulos, tornando-se o primeiro comunista a presidir a um dos 27 Estados-membros da União Européia (UE).

Assim que foram conhecidos os resultados, os apoiadores de Akel saíram às ruas de Nicósia para festejar a vitória do candidato comunista. As buzinas dos automóveis serviram de banda sonora aos festejos, concentrados junto à sede do Akel, com muitos dos partidários do novo Presidente a empunharem bandeiras onde se lia: “Por uma sociedade mais justa”.

Aos 61 anos, Christofias torna-se o sexto Presidente da República de Chipre – antiga colônia britânica que se tornou independente em 1960 – sucedendo a Tassos Papadopoulos, afastado da corrida no primeiro turno das eleições, realizado na semana passada.

Espera-se agora um reinício das negociações com a entidade cipriota-turca que controla o Norte da ilha desde a invasão do Exército da Turquia, em 1974, em reação a um golpe de Estado promovido por ultranacionalistas cipriotas-gregos.

Impasse

Os conflitos no Chipre dificultam os esforços do país para melhorar as relações com a Grécia e a Turquia, dois países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

As negociações do governo turco com a UE encontram-se em parte paralisadas devido ao impasse em torno do Chipre. Uma nova análise do processo será realizada em 2009.

Os contatos do governo cipriota com a liderança turca da ilha congelaram-se durante o governo do presidente Papadopoulos, que tinha rejeitado em 2004 os planos de reunificação elaborados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

A inesperada eliminação de Papadopoulos da eleição ainda no primeiro turno, no dia 17 de fevereiro, alimentou esperanças de que o impasse fosse superado.

Unidade

A República Turca do Chipre do Norte (RTCN) é apenas reconhecida por Ancara, não fazendo parte da União Européia, uma vez que o plano da ONU para o fim da divisão da ilha foi rejeitado pelos cipriotas-gregos num referendo realizado em 2004, em vésperas da adesão.

"Amanhã é um novo dia e teremos diante de nós numerosas dificuldades ", afirmou o Presidente eleito. "Teremos que reunir forças para conseguir a reunificação da nossa pátria", sublinhou.

“Quero enviar uma mensagem de amizade aos cipriotas-turcos, a mensagem de que temos pela frente um combate comum para reunificar a nossa pátria para que consigamos gerir os nossos assuntos sem intervenção estrangeira”, declarou Christofias, na manhã deste domingo (23), depois de votar.

O adversário conservador derrotado por Christofias é o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do país.

Apoio

"Felicitei Christofias e garanti-lhe que estarei a seu lado nos esforços para solucionar o problema cipriota", afirmou Kasoulides, que obteve 33,51% dos votos no primeiro turno.

"Foi uma campanha difícil (...). Abordamos questões que até ao momento não tinham sido discutidas", frisou.

Kasoulides, apoiado pelo principal partido de direita (Disy), e que contou com o apoio da poderosa Igreja Ortodoxa do Chipre, insistiu durante a campanha na sua experiência de deputado europeu e as boas relações que mantém com as capitais européias.

"Deixo, ao sair, um país democrático no centro da Europa, mais forte que nunca", afirmou Papadopoulos na despedida da presidência do país.

O mandato do veterano da política cipriota foi marcado pela entrada da ilha na União Européia, em Maio de 2004, e pela adoção do euro em 1º de Janeiro passado.

Um total de 516 mil eleitores votaram entre as 7h e às 17h (horário local) nas 1.159 assembléias de voto da ilha.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/ com agências.

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