Um grande Ato Político, realizado hoje (14/03) pela manhã, marcou a fundação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB) na Bahia. O evento, que aconteceu no Centro de Convenções de Salvador, contou com a presença de mais de 600 pessoas, entre delegados e delegadas, representantes de sindicatos, parlamentares e membros do Poder Executivo.
Nos discursos, além da celebração pela fundação da central sindical, se destacaram as críticas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a exaltação da presença feminina no movimento sindical.
A CTB começa a sua atuação com mais de 300 sindicatos Para compor a mesa do ato político, que durou pouco mais de duas horas, foram convidados líderes sindicais de todas as regiões do estado, representantes dos movimentos sociais organizados e parlamentares de partidos de esquerda. No discurso de abertura, o presidente nacional da CTB, Wagner Gomes, destacou o papel desempenhado pelos sindicalistas baianos na construção da CTB.
Segundo ele, os representantes da Bahia estão entre os responsáveis pelos principais passos dados pela entidade até agora. “Este estado é uma referência em capacidade de organização e nós não temos dúvidas que, para a CTB se tornar uma das maiores centrais sindicais do Brasil, nós precisaremos contar com a Bahia”, completou.
Com a participação de mais de 300 sindicatos, a maior parte oriunda da CUT, a CTB nasce na Bahia respaldada pelos seus números e pela filiação de sindicatos de categorias como metalúrgicos, construção civil, professores, trabalhadores rurais, bancários, médicos, comerciários. Sobre as diferenças entre as linhas de ação das duas centrais, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB/BA) ressaltou as mudanças ocorridas na CUT depois da vitória eleitoral do presidente Lula.
“A CUT jogou um papel importante no combate aos governos neoliberais, mas, lamentavelmente, empalideceu-se, na hora de mostrar a sua força, virou chapa branca, gerando um amortecimento da luta sindical”, afirmou.
Movimento sindical e governo
A também deputada federal Lídice da Mata (PSB) foi mais uma que demonstrou preocupação com a atuação do movimento sindical em estados com governos populares. Lídice apontou um caminho que, para ela, equacionaria a relação sem perdas para os trabalhadores que buscam melhores condições.
“Não existe contradição em ser governo e ser sindicato, porque esta relação está baseada em um princípio democrático, que é o diálogo, além disso, o movimento sindical não se reduz ao movimento do funcionalismo público, o desafio maior é enfrentar o patronato privado”, destacou.
Central com forte presença feminina
Entre os mais 500 participantes do Ato Político, estiveram presentes muitas mulheres, que fizeram questão revelar a alegria a cada momento que uma mulher subia à tribuna. A presença feminina demonstra uma das características da CTB, que procura valorizar a participação da mulher. Segundo Dalva Leite, diretora do Sindicato dos Comerciários da Bahia e diretora da CTB, a entidade já nasce com uma secretaria voltada para as mulheres e se apresenta como uma nova linha de atuação quanto à condição da mulher na sociedade, em especial a mulher trabalhadora.
“A participação das mulheres é parte da construção da CTB e essa participação tem crescido, tanto nas organizações sindicais quanto nos movimentos sociais, porque o nosso objetivo é ocupar mais espaços e assim dar mais visibilidade às questões da mulher”, destacou.
Atuação junto ao governo
O governo do estado foi representado pelo secretário Nilton Vasconcelos, titular da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). Vasconcelos ressaltou o papel da recém-criada CTB baiana frente à atuação do Poder Executivo. Segundo ele, existe uma expectativa de que a CTB contribua não só para o fortalecimento do movimento sindical na Bahia, mas também com o trabalho da secretaria.
“Isso deve acontecer, entre outras coisas, à medida que a CTB agregue nas suas campanhas e na sua luta as bandeiras do Trabalho Decente, (um dos principais projetos do Setre, que estabelece condições mínimas para o trabalho com dignidade)”, destacou o secretário.
Depois do Ato Político, foi feita a leitura do regimento da CTB e submetido à votação. dos delegadas e delegados, sendo a entidade oficialmente fundada. A fundação foi seguida por uma manifestação, na entrada do Centro de Convenções, contra a presença na Bahia da secretária de Estado dos EUA, Condolleezza Rice.
A tarde foi realizado um debate sobre conjuntura brasileira e baiana e do plano de lutas da entidade para 2008. Ao final, será eleita a direção baiana da entidade.
De Salvador,
Rodrigo Rangel Jr.