A quinta e última etapa das eleições parlamentares na Índia encerrou-se nesta quarta-feira (13) criando uma sinuca pós-eleitoral: Pelas pesquisas de boca de urna: nenhuma das três coligações principais chega perto dos 272 deputados necessários para formar governo. A Frente de Esquerda, liderada pelo Partido Comunista da Índia (Marxista), manteve seu reduto em Bengala Ocidental, 80 milhões de habitantes, que governa há 32 anos.
Por Bernardo Joffily
Os dois partidos que vêm polarizando o cenário político indiano – o Partido do Congresso e o BJP – devem manter e até aumentar as suas bancadas conforme as pesquisas. Porém as coligações que cada um deles lidera tenderam ao estreitamento, dificultando suas pretensões em um Parlamento que compreende 41 partidos, muitos deles com expressão apenas local.
Já em 2004, a coligação chefiada pelo Congresso teve uma maioria apenas relativa. Precisou dos 59 votos da Frente de Esquerda para formar o governo do primeiro ministro Manmohan Singh. A esquerda, porém, não entrou no governo, e retirou seu apoio a partir de 2007, quando Singh assinou um acordo nuclear com os Estados Unidos, durante uma visita de George W. Bush a Nova Delhi.
Nesta eleição, a esquerda buscou uma unidade mais ampla: em março passado, formou a Terceira Frente, com outros partidos laicos (contrários ao BJP, de conteúdo hinduísta) que não querem um novo gabinete liderado pelo Congresso. A aliança foi formada pelos quatro partidos da Frente de Esquerda e mais outros cinco, dos quais um, o TDP, bandeou-se para a coligação do BJP três dias atrás.
Já em 2004, a coligação chefiada pelo Congresso teve uma maioria apenas relativa. Precisou dos 59 votos da Frente de Esquerda para formar o governo do primeiro ministro Manmohan Singh. A esquerda, porém, não entrou no governo, e retirou seu apoio a partir de 2007, quando Singh assinou um acordo nuclear com os Estados Unidos, durante uma visita de George W. Bush a Nova Delhi.
Nesta eleição, a esquerda buscou uma unidade mais ampla: em março passado, formou a Terceira Frente, com outros partidos laicos (contrários ao BJP, de conteúdo hinduísta) que não querem um novo gabinete liderado pelo Congresso. A aliança foi formada pelos quatro partidos da Frente de Esquerda e mais outros cinco, dos quais um, o TDP, bandeou-se para a coligação do BJP três dias atrás.
Começou a "sexta rodada"
A Terceira Frente teve um bom desempenho em sua estreia junto aos 714 milhões de eleitores indianos: a julgar pelas pesquisas de boca de urna, elegeu uma bancada de três dígitos (entre 100 e 130 parlamentares). Mas nem ela, nem o Congresso, nem o BJP obtiveram cadeiras suficientes para formar governo.
Isto tende a produzir uma nervosa "sexta rodada" nas eleições indianas, a rodada das conversações pós-eleitorais entre os partidos. O BJP não deve ter maiores chances, pois seu fundamentalismo religioso praticamente afasta a possibilidade de conseguir aliados. Mas o Congresso e os membros da Terceira Frente devem se movimentar intensamente, sobretudo a partir do anúncio dos resultados, neste sábado (16).
Resultados estaduais que fazem diferença
Em um país onde os estados têm grande autonomia e uma vida política que muitas vezes obedece a leis próprias, dois resultados merecem menção: Uttar Pradesh e Bengala Ocidental.
Bengala Ocidental, que tem Calcutá como capital, é um reduto da esquerda, que desde os anos 1970 não perde uma eleição. Desta vez, o Partido do Congresso jogou pesado para quebrar tal hegemonia; para isto, anabolizou um aliado local, o Congresso Trinamool. Este bateu de frente com a Esquerda, enquanto o próprio Congresso, o de Singh, poupava-se de olho num possível acordo pós-eleitoral que já se anunciava como indispensável.
Conforme a pesquisa de boca de urna estadual, divulgada pelo Times Now, o Trinamool cresceu, deu trabalho, mas não chegou a ameaçar a supremacia da esquerda em Bengala Ocidental: deve eleger no estado 17 representantes para a Loc Sabha, contra 24 parlamentares da esquerda. Ainda assim, houve um considerável recuo na bamcada da coalizão liderada pelo PCI-M, que elegera 36 deputados em 2004.
Em Uttar Pradesh, o mais populoso estado indiano, com 190 milhões de habitantes, manteve-se o predomínio do Partido Bahujan Samaj (BSP na sigla em inglês), que prometeu juntar-se à Terceira Frente depois das eleições. O BSP elegeu 27 representantes no estado, contra 23 de seu arquirrival, o Samajwadi, 14 do BJP e 13 do Congresso.
Ambos os resultados são decisivos para a Terceira Frente. O de Uttar Pradesh mantém o cacife da atual governadora, Mayawati Kumari, líder dos Dailit (párias no sistema de discriminação por castas), cogitada como um possível nome para chefiar um governo da Terceira Frente. E o de Bengala Ocidental garante a força da esquerda, iniciadora da proposta.
Esquerda quer Terceira Frente no governo
Líderes da Frente de Esquerda reuniram-se nesta quarta-feira, na sede do PCI-M em Nova Delhi, para analisar os resultados da quinta rodada. Ao final eles anunciaram que permanecem firmes nem sua posição de "nem BJP nem Congresso".
A análise da reunião, segundo fontes citadas na internet indiana, é que os anos de governo do Congresso ajudaram o BJP a crescer (veja o gráfico). O Congresso "falhou miseravelmente" na tarefa de manter o BJP sob controle; como resultado, esse partido da direita "comunal" cresceu em todos os estados onde o Congresso é uma força importante, analisa a esquerda.
Outra reunião da Esquerda foi marcada para domingo (17), já com os resultados da apuração. Na segunda-feira reúne-se a Terceira Frente, com a presença de Mayawati. E na terça será a vez do Comitê Central do PCI-M.
Fonte: VERMELHO
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