sábado, 2 de maio de 2009

Álbum de André Toral mostra relação histórica com os índios


Há um ponto que une as sete histórias de "Os Brasileiros", álbum que tem dois lançamentos em São Paulo nos próximos dias (Conrad, 88 págs., R$ 38).

O elo é a presença dos povos indígenas. E da relação deles com o processo de colonização.

Não se trata de ver o índio como vítima. Mas de quais foram as decisões tomadas por eles dentro das circunstâncias históricas que tiveram de enfrentar.

As histórias da obra - escrita e desenhada por André Toral - mostram diferentes momentos ficcionais, tomando como pano de fundo dados reais.

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São tramas autônomas, produzidas por Toral em diferentes momentos. Vão de 1991 a 2008.

Algumas são reedições, como "O Negócio do Sertão", lançada em álbum em 1991.

As narrativas - umas curtas, outras mais longas; umas colorizadas, outras em preto-e-branco - podem ser lidas isoladamente.

Mas, se seguidas uma atrás da outra, formam um amplo panorama histórico, indo de 1560 aos dias de hoje.

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"Sou atraído pelo que há de curioso em pensar que o nosso espaço, o território que ora se chama ´brasileiro´, já foi ocupado por outras culturas absolutamente diferentes de nós mesmos", diz o autor paulistano, de 51 anos.

"E o que ficou desses homens e mulheres que viveram, se amaram por mais de 15 mil anos, aqui? Pouco, quase nada. Eles, como nós, somos passageiros na superfície da terra. Sou atraído pela precariedade na nossa condição."

Parte dessa influência histórica em sua obra vem também de sua formação acadêmica. Toral transita entre as áreas da antropologia e da história.

É formado em Ciências Socias pela Universidade de São Paulo, onde também doutorou-se em História Social. O mestrado foi em Antropologia Social, na Federal do Rio de Janeiro.

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O interesse acadêmico pautou também a escolha dos temas de seus trabalhos anteriores.

A primeira publicação, de 1986, tratava de "pesadelos paraguaios". Foi publicada na extinta revista "Animal".

Em 1992, lançou pela "General" - outra publicação cancelada - as duas partes de "O Caso dos Xis". A narrativa indígena é reunida neste novo álbum.

Mas é de 1999 seu trabalho mais conhecido: "Adeus, Chamigo Brasileiro: Uma História da Guerra do Paraguai". O roteiro foi vencedor de um HQMix, principal premiação de quadrinhos do país. A obra foi relançada no ano passado pela Cia. das Letras.

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"Acho que gosto mesmo é de história, num sentido mais amplo", diz. "Então eu penso: pena que eu vou morrer e levar tudo isso comigo. Tudo isso que eu vi, e que interessou."

"Por isso, eu desenho o que gosto: pra deixar registrado o que eu vi, minhas imagens, pra onde foi o meu olhar."

Toral, hoje, divide os quadrinhos com aulas na FAAP, Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Lá, leciona história da arte no curso de comunicação

FONTE: http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/index.html

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